sábado, 19 de março de 2016

Trilhos: a volta dos que não foram !

Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, com a implantação e incentivo à fabricação de veículos automotores (carros e caminhões principalmente), outros meios de transporte foram erroneamente "deixados de lado". Sem a modernização e manutenção necessária, os transportes sobre trilhos como os trens e principalmente os bondes, foram gradativamente sendo retirados de circulação.









Documentário sobre a erradicação dos Bondes nos Estados Unidos, dividido em 6 partes. O que aconteceu lá também aconteceu por aqui ...

Passaram os anos e décadas, e parece que FINALMENTE o país acordou para o erro cometido no passado: a extinção de milhares de quilômetros de trilhos em razão da implantação de uma política rodoviarista, que acabou por arrasar com a logística de transporte, com a economia, desenvolvimento e evolução do país. Mas não vamos comemorar pois ainda é um princípio do início do começo ...

Uma foto publicada por Trilhos do Rio (@trilhosdorio) em



Durante este período de mudança de visão, da extinção de ferrovias para a implantação das rodovias, alguns fatos curiosos vieram à tona. E quando se fala em vir à tona, isto não é força de expressão; muitas ferrovias tiveram seus trilhos retirados, mas em muito locais, eles não foram tirados do lugar ! Ou foram abandonados, largados à própria sorte tornando-se "presas facéis" de revendedores de metal para ferros-velho, ou removidos e reutilizados para diversos fins.

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Neste último caso, entram também os dormentes: enquanto os trilhos removidos foram reutilizados como cerca de residências, vigas para construções, proteção de calçadas em esquinas ou obstáculos para estacionamentos e até bloqueio em acessos de comunidades dominadas por bandidos, os dormentes sem função ferroviária passaram também a ter vários usos, servindo até como adorno e decoração paisagística em jardins e parques.

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Mas curiosamente, como muitos trechos de trilhos e dormentes não foram removidos, apenas ocultos, soterrados ou cobertos de asfalto, conforme foi passando o tempo eles foram ressurgindo, como "mortos-vivos" saindo de suas sepulturas.

Dormentes do antigo ramal de Tinguá da EF Rio d'Ouro, descobertos durante expedição da AFTR no trecho Cava x Tinguá, em Nova Iguaçu, em 2013. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira
 

Trilhos na Praça Santos Dumont, na Gávea. Atualmente em parte da calçada, antigamente ficavam no asfalto da via. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira (2016)

No decorrer de obras como as do BRT Transcarioca e adurante as obras da "Linha 4" do Metrô (expansão General Osório x Jardim Oceânico), na ocasião das escavações das ruas, os antigos trilhos de bonde apareceram. Infelizmente muitos foram removidos para a continuidade das obras, e seus destinos foram incertos.

 O pesquisador da AFTR Melekh mostra um dormente encontrado nas obras do BRT TransCarioca. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira em 2014

 


Do lado direito de uma obra no Leblon, próximo às obras da estação Antero de Quental da "Linha 4" do Metrô, um trilhos de bonde ressurge. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira em 2015

 Recentemente, uma dessas aparições tornaram-se as manchetes de primeira página de jornais: com a implantação do VLT - Veículo Leve sobre Trilhos (o bonde moderno) na região Portuária e do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, muitos trilhos dos bondes antigos, com mais de 100 anos de idade, começaram a ressurgir. E muitos exatamente no mesmo traçado do atual percurso que o VLT irá passar. Ou seja: décadas depois de serem mortos e enterrados, os trilhos estão voltando, de onde nunca deveriam ter saído.

 Durante as escavações para obras do VLT, trilhos de bonde sepultados há décadas ressurgem para nos lembrar que os trilhos voltarão a dominar a paisagem da região. Na imagem, a região próxima à estação Central do Brasil.
Foto: Luiz Eduardo Rangel, em março de 2016

Que isso seja um sinal de que ainda há tempo para remediar os erros do passado. Há espaço de sobra para os trilhos: só falta consciência e boa vontade.

1 comentários:

Se isso é bom sinal ou apenas para gringo ver, saberemos com o tempo e brevemente.

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